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Catarata pode causar alterações no cérebro
Pesquisa inédita indica que a catarata diminui o volume e a vascularização do cérebro. Entenda!
Recente pesquisa publicada no JAMA Network Open demonstra que a catarata, maior causa de cegueira tratável no mundo, diminui o volume cerebral e aumenta em 92% o risco de demência vascular. Esta é a principal conclusão de pesquisadores da Universidade da Califórnia que analisaram variantes genéticas de 305 mil participantes com idade de 55 a 70 anos pertencentes ao UK Biobank,maior repositório mundial de dados anônimos de pacientes para pesquisa genética.
Os pesquisadores também observaram que além da demência vascular, a catarata pode estar associada à doença de Alzheimer e outros tipos de demência.
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, este e outros estudos que encontraram correlação entre problemas de visão e demência, reforçam a importância do investimento em políticas públicas que ampliem o acesso à saúde ocular não só no Brasil, mas em todo o mundo. Isso porque a catarata é a maior causa de cegueira global tratável. No hospital uma inciativa realizar até o final do ano 570 cirurgias de catarata através de Fundação Penido Burnier que este ano recebeu aporte de emendas impositivas para aumentar o número de cirurgias pelo SUS. “É um trabalho muito gratificante ver a satisfação dos pacientes, alguns próximos a se tornarem centenários planejando a retomada de atividades no primeiro retorno da cirurgia”, comenta emocionado.
Como a cirurgia reduz o risco de demência
Queiroz Neto afirma que dados do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual faz parte, mostram que no Brasil surgem 500 mil novos casos de catarata/ano. A estimativa do Ministério da Saúde é de que hoje cerca de 1,2 milhão de brasileiros vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Um dos sinais de início de demência, explica, é a falta de reflexo visual em pacientes que não apresentam alterações na acuidade visual, mas tem dificuldade de processar a imagem. “Embora o Alzheimer seja irreversível, diversos estudos mostram que a cirurgia de catarata diminui o risco de todo tipo de demência por um custo bastante pequeno”, pontua. Isso ocorre, explica, porque a restauração da visão aumenta a prática de atividades físicas e as interações sociais, além de abrandar a atrofia do córtex visual através da maior entrada de luz no cérebro.
O que é, fatores de risco e sintomas
O especialista explica que a catarata é o embaçamento do cristalino, lente interna do olho que conduz as imagens até a retina. A principal causa da condição é o envelhecimento, mas pode também ocorrer por trauma, falta de proteção à radiação UV emitida pelo sol,diabetes, exposição ao sol sem lentes com proteção ultravioleta, tabagismo, vape e pelo uso contínuo de alguns medicamentos, entre eles os corticoides, estatinas e antidepressivos.
Os sintomas que indicam necessidade de operar são: Troca frequente de óculos; Enxergar halos ao redor da luz; Perda da visão de profundidade e de contraste; Fotossensibilidade; dificuldade de dirigir à noite; Dificuldade de adaptação a diferentes intensidades de luz; Lentidão no andar e maior propensão a quedas.
A cirurgia
Único tratamento para catarata, consiste em substituir o cristalino opaco por uma lente que é implantada dentro do olho. Queiroz Neto explica que é realizada com anestesia local, tem duração de 10 a 20 minutos e no mesmo dia o paciente retorna para casa. Após a operação o mais importante é instilar os colírios conforme a prescrição do cirurgião para evitar a contaminação do olho.
Porque as pessoas têm medo de operar
Para o oftalmologista a maior causa do medo de operar é a falta de informação. “Naturalmente, como toda cirurgia a de catarata não está completamente isenta de riscos”, salienta. O grau de segurança é bastante alto e adiar a cirurgia é optar por menor qualidade de vida, pontua.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que quem viver um dia vai ter catarata, já que o principal fator de risco é o envelhecimento. Para adiar a cirurgia recomenda: Consulte um oftalmologista regularmente; No sol use lentes que filtrem 100% a radiação UV; Evite fumar; Reduza o consumo de bebidas alcoólicas; Inclua na dieta antioxidantes como as folhas verde escuro; Use óculos de proteção nos esportes e outras atividades de risco; Mantenha a glicemia e o glaucoma sob controle, finaliza.
Rafael Damas