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Policia

Quem foram os fundadores do Comando Vermelho, facção que protagoniza guerra por territórios no Rio

16/07/2024 07h04

Foto: Arquivo/Alberto Jacob/ Manoel Soares Os fundadores do CV: William da Silva Lima, José Carlos dos Reis Encina e Rogério Lemgruber —
Grupo criminoso foi criado em 1979, no presídio da Ilha Grande

Com 45 anos de existência, o Comando Vermelho vive seu maior movimento expansionista desde a criação dos grupos paramilitares, no fim dos anos 1990. Presente em 21 estados, a facção protagoniza uma guerra sangrenta por territórios no Rio, tema de uma série de reportagens do jornal O GLOBO.

As matérias fazem parte do projeto Tem Que Ler, iniciativa exclusiva para assinantes. Antes de se tornar uma das maiores organizações criminosas do Brasil, ela foi batizada de Falange Vermelha, ainda no presídio da Ilha Grande. Sua origem foi fruto da convivência de presos comuns com políticos na unidade penitenciária. Veja quem foram os seus principais fundadores.

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William da Silva Lima, o Professor

William chegou no Instituto Penal Candido Mendes, na Ilha Grande, em 1971, e foi um dos fundadores da facção. O Professor atuava como um representante dos presos, redigindo petições e cartas para as autoridades. Ele cumpriu pena em regime fechado durante mais de três décadas. Quando morreu, em 2019, estava em regime aberto e era monitorado por uma tornozeleira eletrônica. Suas condenações somavam 95 anos e seis meses de prisão por crimes como assaltos a banco, extorsão e sequestro.

— Não havia regras de comportamento naquela época nos presídios. Um preso desrespeitava o outro. Imagina um pai de família sendo violentado, estuprado. Ou um detento que tinha seus pertences roubados, algo que a mãe trazia numa visita para o filho e, quando ela ia embora, outro pegava. A Falange Vermelha veio para criar leis de convivência, um código de conduta, pedir respeito ao preso, isso era necessário — disse na ocasião.

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Professor foi casado por mais de 30 anos com Simone Barros Correa de Menezes, que o conheceu ainda quando era detento na Ilha Grande. Ele teve quatro filhos.

José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha

Escadinha entrou para o crime na adolescência. Aos 19 anos, foi preso pela primeira vez, por porte ilegal de arma, mas ficou livre após pagar uma multa. Dois anos mais tarde, foi preso por tráfico. A partir de então, Escadinha entrou e saiu da cadeia várias vezes, enquanto subia na hierarquia do comércio de drogas no Morro do Juramento, na Zona Norte do Rio.

Em 1984, houve uma grande operação na comunidade para prender Escadinha. Seis policiais estavam num local da favela chamado Beco do Jamelão, quando ficaram cara a cara com o bandido e quatro de seus comparsas. Houve um tiroteio, dois agentes ficaram feridos sem gravidade, e todos os criminosos escaparam. Pouco mais tarde, quatro policiais morreram na queda de um helicóptero que dava apoio à operação. Segundo informações oficiais, a aeronave caiu após sofrer uma pane.

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No ano seguinte, o traficante foi preso quando policiais o reconheceram por acaso, desarmado e sem seguranças, na Favela do Jacarezinho. Ele se entregou sem resistir e foi levado ao presídio na Ilha Grande. Mesmo sendo um bandido de alta periculosidade, Escadinha desfrutava de várias regalias.

No aniversário do criminoso, um ônibus levou cerca de cem moradores para a cidade de Mangaratiba, de onde todos pegaram uma barca da Companhia de Navegação do Estado do Rio até a Ilha Grande, onde houve uma comemoração que durou dois dias, com direito a feijoada, churrasco e muita cerveja.

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Anos mais tarde, Escadinha protagonizou uma fuga cinematográfica na Ilha Grande e saiu do presídio usando um helicóptero, no dia 31 de dezembro de 1985. Somente 40 minutos mais tarde, os agentes penitenciários perceberam a ausência do presidiário.

Rogério Lemgruber

Rogério Lemgruber, o Bagulhão ou Marechal, ficou conhecido pela sigla RL. Ele foi criado na Favela do Rebu, em Senador Camará, na Zona Oeste, e costumava cometer assaltos a banco com seu irmão, Sebastião Lemgruber, o Tiguel. Em 1972, ele foi levado ao presídio da Ilha Grande, onde passou a maior parte da sua vida. Foi lá que conheceu o Professor e atuou na organização da facção.

Em janeiro de 1980, ele conseguiu escapar da ilha de barco. Após idas e vindas do sistema carcerário, ele morreu vítima de insuficiência hepática e diabete, em 29 de maio de 1992.

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Antes de morrer, ficou internado por oito dias e mudou por completo a rotina do Hospital Miguel Couto. Preocupadas com um possível resgate, as autoridades reforçaram a segurança com policiais militares fardados e disfarçados. Todos os visitantes que tentavam entrar na unidade eram revistados e seis policiais ficavam 24 horas na enfermaria para impedir uma invasão.
 Globo — Rio de Janeiro

   

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