7 DE DEZEMBRO/Desrespeito a Carta Magna e a um Povo Traído
09/12/2024 12h01
Quarenta anos depois de sua emancipação, Miracema do Tocantins, foi escolhida - dia 7 de dezembro de 1988 - para ser capital provisória do Estado do Tocantins.
Neste último sábado, 7 de dezembro, completam exatos 36 anos que a então Miracema do Norte foi escolhida para ser capital provisória do novo estado da Federação, criado pela Constituição Brasileira de 5 de outubro daquele ano (1988).
Na época, o então deputado federal por Goiás, José Wilson Siqueira Campos, juntamente com diversos movimentos separatistas, lograram êxito na divisão do Estado de Goiás, transformando o Norte daquele estado em Tocantins.
Aprovada a existência geográfica do Estado do Tocantins, ele precisava nascer fisicamente e para tal, necessitava de uma mãe e um berço.
Entre as pretensões dos dois extremos mais desenvolvidos na época - Gurupi e Araguaína - sombreados pela centenária Porto Nacional, na região central do novo estado, estava a ‘pacata cidade de Miracema do Norte’, terra amada do melhor amigo do ‘velho timoneiro’, Siqueira Campos, o médigo Raimundo 'Boi' Pires dos Santos.
O ‘timoneiro’ que chegou a fazer greve de fome pela criação do Tocantins, presumidamente deve ter cantarolado a canção do ‘Rei’ Roberto Carlos, feita onze anos antes para seu melhor amigo Erasmo Carlos: “Você meu amigo de fé meu irmão camarada (...)”.
No histórico dia 7 de dezembro de 1988, José, o Siqueira, escolheu... e José, o Sarney, atendeu: Miracema foi escolhida como primeira capital do novo estado, passando a partir de então, ter o sobrenome, ‘do Tocantins’.
Naquele comemorado dia 7, hoje desrespeitado pelos governos, a pacata Miracema viveu dias de festa recepcionando os ‘chegantes’ que cantarolavam a música que Evandro Mesquita (Banda Blitz) compôs e lançou cinco antes (1983): A Dois Passos do Paraíso’.
Foram somente doze meses (1º de janeiro a 31 de dezembro de 1989) de glória, esperança e felicidade limitada. Fatos misteriosos fizeram com que uma ‘provisoriedade’, quem sabe, de 3 a 5 anos, durasse apenas um.
Em 1º de janeiro de 1989, cidade e seu povo se sentiram traídos, simbolicamente como um filho sendo arrancado da mãe, arrastado de seu berço até uma região ainda estranha, repleta de barracões inacabados e edificados apressadamente, chamada de Palmas.
Com a perda, prematura talvez, do tempo justo de ser capital, Miracema do Tocantins sofreu a troca do orgulho pelo dissabor, do respeito pela traição, da esperança pela desconfiança e teve seu amor próprio ferido de morte.
Portando, com intuito de amenizar a dor pelos males causados à primeira capital, o Estado promulgou os artigos 161º da Constituição do Tocantins e o 2º do Regimento Interno da Casa de Leis (Assembleia Legislativa do Tocantins), que determinam a elevação do município à condição de capital a cada ano, tornando Miracema do Tocantins, 'Capital por um dia' todo dia 7 de dezembro, sediando os Três Poderes Estaduais (Executivo, Legilstivo e Judiciário).
Passadas mais de três décadas que Miracema do Tocantins passou à condição de ex-capital, mais uma vez, a data constitucional foi desrespeita, mais uma vez.
Por José Carlos de Almeida - Jornalista.
Neste último sábado, 7 de dezembro, completam exatos 36 anos que a então Miracema do Norte foi escolhida para ser capital provisória do novo estado da Federação, criado pela Constituição Brasileira de 5 de outubro daquele ano (1988).
Na época, o então deputado federal por Goiás, José Wilson Siqueira Campos, juntamente com diversos movimentos separatistas, lograram êxito na divisão do Estado de Goiás, transformando o Norte daquele estado em Tocantins.
Aprovada a existência geográfica do Estado do Tocantins, ele precisava nascer fisicamente e para tal, necessitava de uma mãe e um berço.
Entre as pretensões dos dois extremos mais desenvolvidos na época - Gurupi e Araguaína - sombreados pela centenária Porto Nacional, na região central do novo estado, estava a ‘pacata cidade de Miracema do Norte’, terra amada do melhor amigo do ‘velho timoneiro’, Siqueira Campos, o médigo Raimundo 'Boi' Pires dos Santos.
O ‘timoneiro’ que chegou a fazer greve de fome pela criação do Tocantins, presumidamente deve ter cantarolado a canção do ‘Rei’ Roberto Carlos, feita onze anos antes para seu melhor amigo Erasmo Carlos: “Você meu amigo de fé meu irmão camarada (...)”.
No histórico dia 7 de dezembro de 1988, José, o Siqueira, escolheu... e José, o Sarney, atendeu: Miracema foi escolhida como primeira capital do novo estado, passando a partir de então, ter o sobrenome, ‘do Tocantins’.
Naquele comemorado dia 7, hoje desrespeitado pelos governos, a pacata Miracema viveu dias de festa recepcionando os ‘chegantes’ que cantarolavam a música que Evandro Mesquita (Banda Blitz) compôs e lançou cinco antes (1983): A Dois Passos do Paraíso’.
Foram somente doze meses (1º de janeiro a 31 de dezembro de 1989) de glória, esperança e felicidade limitada. Fatos misteriosos fizeram com que uma ‘provisoriedade’, quem sabe, de 3 a 5 anos, durasse apenas um.
Em 1º de janeiro de 1989, cidade e seu povo se sentiram traídos, simbolicamente como um filho sendo arrancado da mãe, arrastado de seu berço até uma região ainda estranha, repleta de barracões inacabados e edificados apressadamente, chamada de Palmas.
Com a perda, prematura talvez, do tempo justo de ser capital, Miracema do Tocantins sofreu a troca do orgulho pelo dissabor, do respeito pela traição, da esperança pela desconfiança e teve seu amor próprio ferido de morte.
Portando, com intuito de amenizar a dor pelos males causados à primeira capital, o Estado promulgou os artigos 161º da Constituição do Tocantins e o 2º do Regimento Interno da Casa de Leis (Assembleia Legislativa do Tocantins), que determinam a elevação do município à condição de capital a cada ano, tornando Miracema do Tocantins, 'Capital por um dia' todo dia 7 de dezembro, sediando os Três Poderes Estaduais (Executivo, Legilstivo e Judiciário).
Passadas mais de três décadas que Miracema do Tocantins passou à condição de ex-capital, mais uma vez, a data constitucional foi desrespeita, mais uma vez.
Por José Carlos de Almeida - Jornalista.
Comentários (0)
- Nenhum comentário publicado. Clique aqui para comentar.