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Coluna do Zé

A influência do "jeitinho brasileiro"; o comportamento passivo do brasileiro e suas raízes psicológicas e culturais

19/12/2024 11h30

A passividade do brasileiro diante de injustiças e situações que exigiriam uma atitude mais assertiva é um fenômeno profundamente enraizado na sociedade. Um estudo conduzido por Fábio Iglesias, doutor em Psicologia e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), lança luz sobre as causas desse comportamento coletivo, revelando que a maioria das pessoas age baseando-se mais na opinião alheia do que em suas próprias convicções.

Iglesias afirma que o brasileiro tende a se comportar conforme o que percebe ser o pensamento e a ação dos outros ao seu redor. "Se o outro não faz, por que eu vou fazer?", essa é a lógica que predomina entre os "não-reclamantes".

A crença de que "não vai dar em nada" é comum, refletindo uma mistura de vergonha, medo e desconfiança nas autoridades. Esse comportamento se alinha ao conceito de "ignorância pluralística", introduzido pelo psicólogo social Floyd Alport em 1924. Um exemplo típico ocorre em salas de aula, onde, mesmo diante de dúvidas, os alunos hesitam em se manifestar quando o professor pergunta se todos entenderam o conteúdo.

Outro fator importante destacado por Iglesias é a "difusão da responsabilidade". Quando ninguém quer se destacar, a responsabilidade por tomar uma atitude se dilui entre todos, levando à inércia coletiva. Esse fenômeno impede ações assertivas, mesmo quando há prejuízos significativos.

O antropólogo Roberto da Matta contribui com outra perspectiva, ligando a passividade ao famoso "jeitinho brasileiro". Segundo ele, a cultura de pequenas transgressões cotidianas, como subornar um guarda de trânsito, estacionar em vagas para deficientes ou usar o acostamento para fugir do trânsito, faz com que os brasileiros sintam que não têm moral para exigir comportamentos éticos de seus governantes.

"Molhar a mão" do guarda ou furar uma fila são exemplos de comportamentos que enfraquecem a legitimidade para reclamar de corrupções maiores.

Entretanto, nem todos os brasileiros se encaixam nesse padrão de passividade. Aqueles que reclamam, protestam e fazem valer seus direitos são vistos como exceções. Segundo Iglesias, todos os estudos sobre o comportamento do brasileiro convergem para a ideia de que somos, em grande parte, passivos.

O estudo de Fábio Iglesias, complementado pelas análises de Roberto da Matta, oferece uma visão detalhada das raízes culturais e psicológicas da passividade brasileira. Entender esses fatores é crucial para fomentar uma mudança de atitude e incentivar uma postura mais ativa e engajada da população.

Resumindo, o estudo revela que o brasileiro é passivo devido à influência social e à cultura do "jeitinho", preferindo agir conforme a opinião alheia.


Por Jornalista José Carlos de Almeida

   

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