MIRACEMA/Preparada para ser festeira, outra vez.
24/09/2021 23h52
MIRACEMA/Preparada para ser festeira, outra vez.
Desde os primórdios anos 20 até o final da década de 40, tudo era motivo de festa naquele entreposto comercial – hoje Ponto de Apoio - durante a euforia da compra e venda e troca-troca de mercadorias advindas das subidas e descidas das embarcações pelo rio Tocantins, revelam pioneiros da terra de Pedro Praxedes.
Um deles recorda do chamado ‘gurufim’, uma forma de velório onde o adeus ao falecido era com rodadas de café, cachaça e 'contação' de causos e piadas.
Mesmo depois de ser emancipada de Santa Maria do Araguaia (hoje Araguacema) em 1948, as festas aconteciam raramente, com mais louvor até porque Miracema era então um novo município de Goiás, porém, mais tarde, a filha do Norte foi presenteada com o abandono, embrulhado no papel do esquecimento, sob laços de promessas não atados.
Apesar disso, o espírito festeiro da gente da terra prometida sobrevivia, fomentado pelas campanhas eleitorais, quando traziam da capital (Goiânia) um pouco de tudo, com direito inclusive a comes e bebes e shows artísticos.
Logo chegou a década de 80, trazendo como cartão de visita a enchente que inundou a pacata cidade, fazendo nascer a cidade alta. Disse um pioneiro a este escriba: “Lavou os males da cidade e trouxe a cidade nova, com mais festas ainda”.
Previsão consumada: duas cidades em uma; com os carnavais de rua e seus blocos de embalo, bailes homéricos no Iracema Clube, delírios no Apolo 11 e Boate Caverna e contagiante amor aos esportes (handebol, futebol de campo e salão, principalmente).
A festa divisora de águas aconteceu em 1988, quando a terra prometida passou a ser do Tocantins. Logo foi escolhida para ser o berço do novo estado, a capital provisória do Estado do Tocantins, um motivo a mais para festejar sempre.
Mas, com a saída prematura da capital, foi junto à possibilidade de progresso, a expectativa de desenvolvimento, calando sua gente e apagando sua cultura, só restando o sonho dos que ficaram.
Vieram os anos 90 e com eles a esperança, quando aconteciam os bailes de Debutantes, viradas do Réveillon, programa Show de Domingo, Baile da AABB, a Praia Mirassol (que deixou de ser praia do Búfalo), voltaram os Festejos Religiosos, foi criado o Miracaxi (1997), as Quadrilhas Juninas, entre outros.
No entanto, nada foi capaz de frear as transferências dos órgãos estaduais e federais para a capital definitiva (Palmas), tampouco segurar empresários, investidores e até políticos que debandaram para a nova capital.
O Iracema Clube sucumbiu na ausência e descaso dos associados, levando consigo o Show de Domingo, enquanto o tradicional Baile da AABB se perdeu com o tempo.
Já o Carnaval incorporado ao Miracaxi e a Praia Mirassol, em novo formato, evoluíram e resgataram a saudável denominação de 'festeira cidade'. Hoje podemos assegurar que a Praia Mirassol e o Miracaxi, assim como a instalação da Praia do Funil, a descoberta da Praia do Paredão recolocaram Miracema do Tocantins, na vitrine de importâncias aos olhos de todo o Brasil.
Resta saber se a pandemia do novo coronavirus foi o último freio que vem impedindo a eterna primeira capital do Tocantins de voltar a ser aquela outrora cidade festeira.
Jornalista José Carlos de Almeida
Desde os primórdios anos 20 até o final da década de 40, tudo era motivo de festa naquele entreposto comercial – hoje Ponto de Apoio - durante a euforia da compra e venda e troca-troca de mercadorias advindas das subidas e descidas das embarcações pelo rio Tocantins, revelam pioneiros da terra de Pedro Praxedes.
Um deles recorda do chamado ‘gurufim’, uma forma de velório onde o adeus ao falecido era com rodadas de café, cachaça e 'contação' de causos e piadas.
Mesmo depois de ser emancipada de Santa Maria do Araguaia (hoje Araguacema) em 1948, as festas aconteciam raramente, com mais louvor até porque Miracema era então um novo município de Goiás, porém, mais tarde, a filha do Norte foi presenteada com o abandono, embrulhado no papel do esquecimento, sob laços de promessas não atados.
Apesar disso, o espírito festeiro da gente da terra prometida sobrevivia, fomentado pelas campanhas eleitorais, quando traziam da capital (Goiânia) um pouco de tudo, com direito inclusive a comes e bebes e shows artísticos.
Logo chegou a década de 80, trazendo como cartão de visita a enchente que inundou a pacata cidade, fazendo nascer a cidade alta. Disse um pioneiro a este escriba: “Lavou os males da cidade e trouxe a cidade nova, com mais festas ainda”.
Previsão consumada: duas cidades em uma; com os carnavais de rua e seus blocos de embalo, bailes homéricos no Iracema Clube, delírios no Apolo 11 e Boate Caverna e contagiante amor aos esportes (handebol, futebol de campo e salão, principalmente).
A festa divisora de águas aconteceu em 1988, quando a terra prometida passou a ser do Tocantins. Logo foi escolhida para ser o berço do novo estado, a capital provisória do Estado do Tocantins, um motivo a mais para festejar sempre.
Mas, com a saída prematura da capital, foi junto à possibilidade de progresso, a expectativa de desenvolvimento, calando sua gente e apagando sua cultura, só restando o sonho dos que ficaram.
Vieram os anos 90 e com eles a esperança, quando aconteciam os bailes de Debutantes, viradas do Réveillon, programa Show de Domingo, Baile da AABB, a Praia Mirassol (que deixou de ser praia do Búfalo), voltaram os Festejos Religiosos, foi criado o Miracaxi (1997), as Quadrilhas Juninas, entre outros.
No entanto, nada foi capaz de frear as transferências dos órgãos estaduais e federais para a capital definitiva (Palmas), tampouco segurar empresários, investidores e até políticos que debandaram para a nova capital.
O Iracema Clube sucumbiu na ausência e descaso dos associados, levando consigo o Show de Domingo, enquanto o tradicional Baile da AABB se perdeu com o tempo.
Já o Carnaval incorporado ao Miracaxi e a Praia Mirassol, em novo formato, evoluíram e resgataram a saudável denominação de 'festeira cidade'. Hoje podemos assegurar que a Praia Mirassol e o Miracaxi, assim como a instalação da Praia do Funil, a descoberta da Praia do Paredão recolocaram Miracema do Tocantins, na vitrine de importâncias aos olhos de todo o Brasil.
Resta saber se a pandemia do novo coronavirus foi o último freio que vem impedindo a eterna primeira capital do Tocantins de voltar a ser aquela outrora cidade festeira.
Jornalista José Carlos de Almeida
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