MIRACEMA, 76 ANOS/Uma história p'ra contar
25/08/2024 06h04
Neste 25 de agosto, Miracema do Tocantins completa 76 anos de emancipação política. De 1948 a 2024, a ‘Pacata Cidade’ – como outrora era chamada, vem convivendo com frequentes tempestades e raras bonanças.
Antes de libertar-se do jugo de Santa Maria do Araguaia (hoje Araguacema), Miracema foi Bela Vista – nome dado pelo primeiro morador, Pedro Praxedes, no início dos anos 20.
Já nos anos 40, o saudoso Américo Vasconcelos, em homenagem aos indígenas (Xerente) da região, batizou o já distrito com o nome de Miracema, substantivo feminino que significa ‘Migração dos Povos’.
Como o então governo Getúlio Vargas proibia a duplicidade de nomes, um fatídico decreto de dezembro de 1943, denominava o distrito com a toponímia de Cherente (com ch mesmo), que prevaleceu até 25 de agosto de 1948, quando João Reis, Américo Vasconcelos, Zacarias Rocha, Elias Bozaipo e Delfino Araújo, foram buscar em Goiânia uma legenda com o então senador Domingos Velásquez, para disputar as eleições, já que o PSD e a UDN estavam nas mãos de um casal em Santa Maria do Araguaia.
Conforme conta em seu livro 'Retalhos de um passado', o escritor e historiador Américo Vasconcelos, contra tudo e quase todos do município de Couto Magalhães, João Reis foi eleito prefeito e os amigos elegeram-se vereador, quando em clima festivo dos habitantes daqui, seguiram sobre lombos de burros por aproximadamente 200 km, até a sede do município para cerimônia de posse, em Santa Maria do Araguaia, hoje Araguacema.
O primeiro ato da nova legislatura foi a Resolução Nº 1, de autoria do vereador Delfino Araújo, que desmembrava o distrito, criando assim o município de Miracema do Norte, devidamente sancionada pelo prefeito João Reis.
A partir daí, a ‘pacata cidade’ ganhou projeção nacional, confrontando inclusive, sua homônima do Rio de Janeiro, mas o abandono por estar no norte goiano a fez parar no tempo e no espaço.
A exemplo da lenda do pássaro Fênix, que ressurgiu das cinzas, a saga de Miracema estava apena começando:
foi invadida pelas águas do rio Tocantins, em 1980, quando ressurgiu ... das águas, e depois foi cantada pela Banda Blitz na composição de Evandro Mesquita “A Dois Passos do Paraíso”;
serviu de útero e berço para o nascimento do Estado do Tocantins, quando foi primeira capital do Estado, embora em caráter provisório, mas em menos de um ano deixou de ser capital e foi atirada num caos social;
foi sede da regional e de uma subestação da Eletronorte, após ter em seu território a construção da primeira Usina Hidrelétrica privatizada do país, mas logo perdeu a sede da estatal e teve subtraído 50% do ICMS arrecadado da Usina;
teve realizado o sonho da construção de uma ponte sobre o rio Tocantins, porém fora da zona urbana do município.
Miracema ainda perdeu a seccional do IBGE, da Receita Federal, e engoliu os desatinos herdados de duas ONGs que consumiram suor e sangue da administração municipal.
Há seis anos, elegeu um jovem administrador que conseguiu, a ‘duro custo’, fazer ressurgir das cinzas uma cidade desacreditada:
pagou e negociou dívidas; resgatou o crédito municipal; devolveu a auto estima do município e o amor próprio de sua gente; construiu duas sonhadas pontes; negociou com a concessionária a ampliação da rede de água, escoamento de águas pluviais, implantação da rede de esgoto e pavimentação asfaltica em todos os setores da cidade, começando pelo Santa Filomena, já concluído.
Mas o sorriso deu lugar às lagrimas, quando o suposto 'messias' sofreu um tiro na cabeça e o abandono do corpo inerte em sua própria caminhonete abandonada numa estrada vicinal, calou, por enquanto, um povo sofrido, comovido, mas que continua vivo. Vivendo por Miracema.
Por Jornalista José Carlos de Almeida
Antes de libertar-se do jugo de Santa Maria do Araguaia (hoje Araguacema), Miracema foi Bela Vista – nome dado pelo primeiro morador, Pedro Praxedes, no início dos anos 20.
Já nos anos 40, o saudoso Américo Vasconcelos, em homenagem aos indígenas (Xerente) da região, batizou o já distrito com o nome de Miracema, substantivo feminino que significa ‘Migração dos Povos’.
Como o então governo Getúlio Vargas proibia a duplicidade de nomes, um fatídico decreto de dezembro de 1943, denominava o distrito com a toponímia de Cherente (com ch mesmo), que prevaleceu até 25 de agosto de 1948, quando João Reis, Américo Vasconcelos, Zacarias Rocha, Elias Bozaipo e Delfino Araújo, foram buscar em Goiânia uma legenda com o então senador Domingos Velásquez, para disputar as eleições, já que o PSD e a UDN estavam nas mãos de um casal em Santa Maria do Araguaia.
Conforme conta em seu livro 'Retalhos de um passado', o escritor e historiador Américo Vasconcelos, contra tudo e quase todos do município de Couto Magalhães, João Reis foi eleito prefeito e os amigos elegeram-se vereador, quando em clima festivo dos habitantes daqui, seguiram sobre lombos de burros por aproximadamente 200 km, até a sede do município para cerimônia de posse, em Santa Maria do Araguaia, hoje Araguacema.
O primeiro ato da nova legislatura foi a Resolução Nº 1, de autoria do vereador Delfino Araújo, que desmembrava o distrito, criando assim o município de Miracema do Norte, devidamente sancionada pelo prefeito João Reis.
A partir daí, a ‘pacata cidade’ ganhou projeção nacional, confrontando inclusive, sua homônima do Rio de Janeiro, mas o abandono por estar no norte goiano a fez parar no tempo e no espaço.
A exemplo da lenda do pássaro Fênix, que ressurgiu das cinzas, a saga de Miracema estava apena começando:
foi invadida pelas águas do rio Tocantins, em 1980, quando ressurgiu ... das águas, e depois foi cantada pela Banda Blitz na composição de Evandro Mesquita “A Dois Passos do Paraíso”;
serviu de útero e berço para o nascimento do Estado do Tocantins, quando foi primeira capital do Estado, embora em caráter provisório, mas em menos de um ano deixou de ser capital e foi atirada num caos social;
foi sede da regional e de uma subestação da Eletronorte, após ter em seu território a construção da primeira Usina Hidrelétrica privatizada do país, mas logo perdeu a sede da estatal e teve subtraído 50% do ICMS arrecadado da Usina;
teve realizado o sonho da construção de uma ponte sobre o rio Tocantins, porém fora da zona urbana do município.
Miracema ainda perdeu a seccional do IBGE, da Receita Federal, e engoliu os desatinos herdados de duas ONGs que consumiram suor e sangue da administração municipal.
Há seis anos, elegeu um jovem administrador que conseguiu, a ‘duro custo’, fazer ressurgir das cinzas uma cidade desacreditada:
pagou e negociou dívidas; resgatou o crédito municipal; devolveu a auto estima do município e o amor próprio de sua gente; construiu duas sonhadas pontes; negociou com a concessionária a ampliação da rede de água, escoamento de águas pluviais, implantação da rede de esgoto e pavimentação asfaltica em todos os setores da cidade, começando pelo Santa Filomena, já concluído.
Mas o sorriso deu lugar às lagrimas, quando o suposto 'messias' sofreu um tiro na cabeça e o abandono do corpo inerte em sua própria caminhonete abandonada numa estrada vicinal, calou, por enquanto, um povo sofrido, comovido, mas que continua vivo. Vivendo por Miracema.
Por Jornalista José Carlos de Almeida
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